domingo, 12 de dezembro de 2010

just like the others - Documentário





Documentário resultado do projeto de final de semestre da disciplina Doc 1 sendo o objetivo era tratar de um sentimento.

Poema: No Meio do Caminho, de Carlos Drumond de Andrade.

No Meio do Caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

O poema aborda os calvários, as adversidades, as tormentas e vórtices que erigem a estrada de nossa vida. Ele foi escolhido “por acaso” e acabou sendo extremamente útil.
A idéia inicial para o documentário, era juntar imagens de momentos de dificuldades do nosso dia a dia, e junto com uma trilha sonora, formar um documentário estritamente poético, com base no documentário Koyaanisqatsi.
Até duas semanas antes da entrega do projeto, ele estava completamente pronto com a idéia inicial, mas particularmente não gostei do resultado. Onde então, resolvi mudar completamente a idéia central e refazer todo o trabalho.
Resolvi abordar um tema que me voltou à tona há poucos dias: a passagem da vida. Foi então, no meio de uma crise existencialista, que resolvi tratar da nossa principal jornada, a que chamamos de vida.
A escolha dos atores foi pensada de maneira a retratar a passagem de tempo, mudança de idade, de “cargos” que enfrentamos durante nossa trajetória nesse mundo. A garota, jovem, com “toda a vida” pela frente, e o senhor de meia idade, como pai, trabalhador.
A caminhada de ambos representa nossa caminhada pela vida, o Pai, em uma estrada acidentada, com os pés em sandálias simples, representa a vida de nossos ancestrais, nossos parentes que já se foram e/ou os que ainda estão entre nós, que nasceram e viveram boa parte da vida no que nós, pessoas da “cidade”, chamamos de interior ou campo. Representa as pessoas “sofridas”, que passaram necessidades para poder criar seus filhos, para depois ajudarem no campo, cultivando a única fonte de renda da família. E a Jovem, como a geração que já nasceu na cidade, que vive na correria do dia a dia estressante e movimentado do convívio entre máquinas e humanos.
No final eles se encontram, em frente a uma grande pedra, representando as grandes dificuldades, que mesmo depois de separados (a grande linha de separação entre a cidade, regida pela tecnologia, e o campo, regido (ainda) pelo trabalho braçal (em grande parte)), eles vêm a enfrentar, pois mesmo depois de tudo, ainda são uma família.
A realização do documentário foi feito em parte na cidade e parte no campo. A escolha da utilização das imagens em preto e branco foi devido ao fato de não me interessarem cores. Quis deixar claro que não existe diferença entre negros, brancos ou pardos. Todos passaram e passarão pela mesma situação, pois isso é a vida.
Na edição, primeiro coloquei o filme em ritmo lento. Mas não ficou do jeito que queria. Nossa vida, por mais longa que seja, passa como se fossem minutos. Decidi dar um ritmo mais acelerado, e a escolha da música ajudou muito. Não quis algo deprimente e o ritmo da música ajudou a não deixar ficar.
O ritmo dos passos no filme se dá ao ritmo diferenciado que existe entre a vida no campo e na cidade. O dia em um campo começa e termina mais cedo do que o da cidade, mas é mais lento, sem tanto movimento, carros, pessoas, situações diferenciadas como em uma grande metrópole.
A escolha do título “just like the others”, vêm do fato de todos já saberem como é a vida. Todos somos cientes de como ela passa rápido, das dificuldades que passamos e ainda iremos passar.


Você pode assistir o resultado aqui: http://www.youtube.com/watch?v=gfI0Dc05N2E

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